segunda-feira, 23 de julho de 2012

Pára né!


Você se boicota por Frederico Mattos

Todo mundo que ser feliz, isso parece ser um consenso.
Fracasso ou sucesso, para que lado você realmente quer ir?
Queremos tem um bom emprego em que nos realizemos, um relacionamento amoroso com alguém que seja parceiro de verdade, uma família que se apoie sem dispusta ou competitividade.
No entanto, porque raios nos conformamos com uma vida morna?
Parece que quanto mais passa o tempo mais investimos naquilo que não nos faz bem. Insistimos naquele emprego escravizante e bem longe dos nossos sonhos. Batemos mil vezes a cara naquela pessoa que nos faz mal, despreza e faz da nossa vida um inferno. Nos degladiamos em torno de familiares que parecem ter o gosto de nos fazer mal.
Por que?
Tenho acompanhado com a Juliana a jornada de um homem de reconstruir seu guarda-roupa. Ele sempre se questionou sobre sua aparência e nunca ficou à vontade com suas roupas. Em dado momento ele notou que sempre escolheu roupas que desfavoreciam seu porte físico. Ele se escondia atrás daquilo que se vestia.
Já vi mulheres fazerem o mesmo. Muitas escondem as pernas grossas em calças largas, outras parecem que amarram os seios fartos num espartilho. Sei também de mulheres que colocam os cabelos para esconder o rosto ou os olhos e fico me perguntando porque razão tanta tortura, se o que queremos é ser felizes.
O ponto é que nos debatemos com vocês internas em nossa mente. Parece que dialogamos com demônios interiores que sempre nos roubam a alegria quando estamos muito pertos de alcançar aquilo que queremos.
Você encontra o cara legal, que trata você bem, mas faz questão de achar tudo entediante, não dá chances para que algo seja diferente e acaba dando um chute nele e indo atrás daquele outro que te trata como copo descartável.
É a voz punitiva dentro de você dizendo que não pode ser amada.
O que essa voz de fato quer? Ela quer te proteger de uma vida sem sentido, mas costuma ser tão radical e cheia de restrições que nada passa no filtro dela. Vou simular um diálogo interno.
Você: conheci um cara que parece bem legal.
A voz: Será que ele é legal mesmo ou você está se acostumando com pouco?
Você: ele é carinhoroso, companheiro, amigo, tudo o que espero num homem.
A voz: chato, meloso, grudento, entediante. É isso que quer para a sua vida?
Você: mas desse jeito vou ter que voltar para o Ricardinho, ele me dava mil aventuras.
A voz: isso parece excitante de verdade.
Você: tem razão, esse cara parece mais um garoto, meio sem vida, faz tudo o que eu quero, vai me cansar.
A voz: exato, você não vai querer passar a vida inteira na geladeira, né?
Você: pé na bunda, é isso que vou fazer.
A voz: Yes!!
O mesmo acontece em relação ao dinheiro, imagine um cara ambicionando aumentar o salário e as suas comissões.
Ele: acho que está na hora de ganhar um belo aumento!
A voz: Também acho, você merece, mas não tem receio?
Ele: Do que?
A voz: Oras, de tudo o que o dinheiro pode trazer de perigoso.
Ele: Como assim?
A voz: Pessoas ricas são esnobes, arrogantes, destratam os outros, são fúteis, superficiais, materialistas e se afastam dos seus valores, se corrompem, vendem sua alma.
Ele: é né? Parece bem perigoso, não quero me deformar e esquecer aquilo que realmente sou.
A voz: é, você quer ser um vendido? Se render a esse mundo capitalista e sem coração? Ignorar o sofrimento humano? Querer tudo para si?
Ele: Acho que vou esperar um pouco mais para pedir o aumento, afinal não quero ser ganancioso, minha família pode esperar um pouco.
A voz: sim, acho melhor ser prudente e fazer as coisas com calma, não queremos desastres desgovernados.
Notem que a aparência de proteção é só uma narrativa sedutora como aquele “amigo” que quer induzir você a pensar que as drogas vão fazer você ser feliz e confiante.
A base dessa voz punitiva é o perfeccionismo que ela tem, ela faz você desistir dos sonhos antes de dar o pontapé inicial. É a “necessidade da segurança”. O que você chama de precaução na busca de condições ideais é a voz que boicota suas melhores aspirações.
O crescimento é uma aventura sem garantias. Enquanto você insistir em permanecer seguro o máximo que irá alcançar é o mesmo que alcançou ontem enquanto estava com medo, quase nada.
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Frederico Mattos é um homem apaixonado, sonhador nato, psicólogo provocador, escritor de um não best-seller e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão, Muay Thai, lava pratos e escreve no blog Sobre a vida. No twitter é@fredmattos.

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